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Os processos que cercaram a sexualidade feminina durante a história e os resultados na naturalização do diálogo

Contém imagem de arquivo do TSE.

Se você já assistiu a alguma produção de época (como filmes e novelas) provavelmente ouviu a história da mocinha que era obrigada a esperar até o casamento para perder a virgindade. As mulheres que já haviam tido relações sexuais eram desonradas e perdiam seus pretendentes. Por outro lado, aquelas que eram virgens não tinham nenhum conhecimento sobre o que era o ato sexual em si. Apesar de parecer apenas coisa de ficção, isso foi comum por muitos anos.

 

Durante a Idade Média, a virgindade começou a ser tratada como moeda de troca entre as classes mais altas da sociedade. Ser “intacta” valia um casamento e um dote. Foi nesse período, na Europa dos séculos IV ao XV, que ser virgem se tornou sinônimo de honra e pureza. Com a forte influência da Igreja católica, essa ideia foi ainda mais fortificada.

 

No Brasil não foi diferente: a mulher era obrigada a se guardar até o matrimônio e o controle era tanto que em 1916, no Código Civil, era assegurado o direito do divórcio se o marido descobrisse que a esposa já tinha sido "deflorada''. Descobrir esse fato significava ser enganado.

Código Civil de 1916

“Art. 219. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I – o que diz respeito à identidade do outro cônjuge, sua honra e boa fama, sendo erro tal, que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”.

Apesar de parecer muito arcaico, essa lei só foi revogada em 2002. Ou seja, há 20 anos. Essa longa construção social em torno da virgindade fez com que ela se transformasse em algo supervalorizado: já foi leiloada por milhões de reais e usada como certificado de honestidade em vários países.

 

Atravessando o Atlântico, é possível encontrar culturas que possuem esses pensamentos. Um dos exemplos é o Irã, país considerado conservador tanto em relação à liberdade das mulheres quanto aos lugares que elas podem frequentar e como se portam; lá, a virgindade é um atestado moral e está enraizada nos costumes. 

 

Mas não é preciso ir muito longe para achar casos parecidos com o iraniano. Em 2013, um concurso público da Polícia Militar, na Bahia, exigiu que as candidatas apresentassem exames que comprovassem a presença do hímen. A atitude foi muito criticada por violar a intimidade e a dignidade das participantes. Contudo, um ano depois, o governo de São Paulo repetiu o mesmo critério e pediu uma confirmação das concorrentes que se declararam virgens.

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A primeira conversa sobre sexo. Ilustração: Ágata Novaes.

A virgindade é um dos aspectos da vida dos seres humanos, mas é especialmente valorizada nas mulheres. Apesar de ser algo natural, uma parte da vida, muitas pessoas se sentem envergonhadas ao falar abertamente sobre o assunto, os pais por exemplo, tentam evitar ter essa conversa diretamente. O primeiro diálogo sobre virgindade, quase sempre, é acompanhado por outra pergunta: de onde vem os bebês? É nesse instante que eles buscam a saída nas metáforas da "sementinha" e das “cegonhas". Para falar com as meninas, isso fica ainda mais difícil. É nesse momento que muitas garotas são privadas desse conhecimento inicial. A dificuldade de falar sobre sexo tem raízes históricas muito profundas.        

Senta que lá vem história

Se falar de sexo hoje não parece uma tarefa fácil, imagina há séculos atrás. Na verdade, essa dificuldade é o resultado de vários tabus que foram repetidos ao longo da história. A religião e a medicina ajudaram a criar diversos estigmas em volta da sexualidade feminina.

Na Idade Média, o domínio e a influência da Igreja católica eram responsáveis por difundir a maior parte dos princípios de moralidade, incluindo a construção dos valores familiares. Foi na Era Medieval que foram criados os "sete pecados capitais" e entre eles estava justamente a luxúria, que é vista como a busca pela tentação, a procura excessiva pela satisfação dos desejos sexuais.

Comportamentos específicos eram esperados de todos os membros da família, a começar pelo pai que era a única figura provedora da casa, o responsável por ditar as regras e com liberdade o suficiente para ir e vir. Na mãe, eram concentradas as responsabilidades do lar e a criação dos filhos, já as crianças ficavam mais centradas no estudo.

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A Virgem e o Menino (Jean Fouquet, 1450). Foto: Museu Real de Belas Artes da Antuérpia .

A professora e historiadora Talita Cavalheiro diz que, para a Igreja, a grande representação feminina se apoiava em três figuras principais: Eva, Virgem Maria e Maria Madalena. Dentro dos princípios do cristianismo, o sexo deveria ser feito 

 apenas dentro do casamento.

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No áudio, a historiadora Talita Cavalheiro fala sobre as principais figuras femininas da Igreja Católica.

A questão religiosa aumentou uma visão perpetuada desde a Grécia Antiga: as mulheres eram inferiores aos homens. O filósofo Aristóteles, no livro A Política, chegou a dizer que "os animais são machos e fêmeas. O macho é mais perfeito e governa; a fêmea o é menos, e obedece". As mulheres gregas eram podadas da participação social e não atuavam diretamente na política. Submissas ao marido, eram obrigadas a andarem descalças durante o inverno para "reprimir a libido" e evitar possíveis traições.

Ainda nessa época, filósofos e intelectuais iniciaram estudos sobre a anatomia do corpo humano. Hipócrates, considerado o pai da Medicina, analisou a composição do organismo feminino e disse que o clitóris tinha um papel essencial na reprodução. Durante muitos anos, acreditava-se que, para a mulher engravidar, era necessário que ela chegasse ao orgasmo. Então, de certa forma, havia uma “preocupação” com a questão do prazer. Isso até o início da Idade Média.

Voltando aos tempos medievais, qualquer tipo de demonstração de sexualidade era um mau sinal. Mulheres livres, solteiras, prostitutas, adúlteras e todas as outras que não atendiam ao padrão de “pureza” da Igreja passaram a ser consideradas bruxas. Todos os delitos ou acidentes eram colocados como responsabilidade delas e a pena para esses “crimes” era ser queimada na fogueira ou condenada à forca. Durante a Inquisição houve uma inversão de valores: o clitóris, que até então era uma parte importante do corpo, começou a ser apontado como “a marca do diabo”, o responsável por causar relacionamentos lésbicos e até pela cegueira.

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Três mulheres são queimadas vivas em Guernsey, na Inglaterra. Gravura anônima do século XVI. Foto: Calibã e a Bruxa, livro de Silvia Federici.

Outra prática historicamente conhecida é a mutilação genital feminina, quando há o corte parcial ou total da região da genitália externa (incluindo o clitóris).  A chamada "circuncisão feminina" é um ato que acontece a mais de 2000 anos e reúne motivações culturais e religiosas. Hoje, a Organização das Nações Unidas (UNICEF) calcula que mais de 200 milhões de mulheres e meninas estejam nessa condição. A UNICEF escolheu o dia 6 de fevereiro para ser o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.

Prazer a vapor

O conservadorismo com relação à sexualidade da mulher permaneceu por longos anos. Mesmo com os avanços da medicina, a forma com que o corpo feminino funcionava ainda era alvo de muitas teorias. A máxima de que a “histeria” era uma doença que atingia exclusivamente as mulheres era seguida por muitos médicos. 

O desejo sexual feminino passou a ser objeto de estudo de psiquiatras como Sigmund Freud. Nesse período, em meados do século XIX, surgiu a ginecologia. Foi nos Estados Unidos que a especialização se originou,  a partir das pesquisas da Universidade da Pensilvânia e de dois experimentos: um em 1809, feito por Ephraim MacDowell; e o outro por J. Marion Sims, em 1849.

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Cavalheiro comenta o surgimento tardio da ginecologia e como isso afetou as mulheres.

James Marion Sims é considerado o pai da ginecologia. Para conseguir esse feito, o médico americano utilizou diversas escravas como cobaias em suas experiências. Foi o primeiro profissional a realizar uma cirurgia para corrigir uma fístula vesicovaginal, que é uma pequena abertura entre a vagina e a bexiga causada no parto. Sem anestesia e sem consentimento, realizou esse procedimento mais de 30 vezes até acertar. Apesar disso, Sims tinha uma estátua exibida no Central Park, em Nova York, que só foi retirada em 2018.

De acordo com a jornalista e escritora de contos eróticos Monique dos Anjos, a sociedade ainda carrega consigo a perspectiva de que a mulher negra está ali exclusivamente para satisfazer ou servir, quando, na verdade, a maneira com que a mulher negra vivencia a sexualidade deve ser de sua própria escolha.

Ainda no século XIX, é criado o primeiro vibrador. Contudo, a função inicial dele era diferente: com os sintomas da histeria (que incluíam potencialização do desejo sexual e a lubrificação da vagina), o vibrador surgiu como uma “cura” para o problema. Movido a vapor, servia para massagear a região íntima da mulher até que ela tivesse um orgasmo. Atingir o clímax seria a solução dessa enfermidade. 

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O protótipo do primeiro vibrador. Foto: Museu de Ciências de Londres.

Terra à vista

Em 2019, o Museu de Arte de São Paulo realizou uma exposição sobre histórias feministas. Entre as obras, havia um letreiro em led com uma frase em inglês que poderia ser traduzida como "Você é brasileira? Ah, eu amo mulher brasileira". A intervenção mostrava uma expressão muito ouvida pela população feminina do Brasil, conhecida no exterior como alguém que possui uma sexualidade aflorada e exótica.

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"Brazil" de Santarosa Barreto foi exposta em 2019 na mostra Histórias Feministas, do Museu de Arte de São Paulo. Foto: MASP.

Segundo Cavalheiro, a erotização dos comportamentos das brasileiras é o resultado de estereótipos que foram construídos e repetidos ao longo do tempo. Nunca existiu e não existe um perfil único do que é ser mulher no Brasil.

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O estereótipo da mulher brasileira surgiu na colonização, diz Cavalheiro.

Quando os portugueses chegaram ao  Brasil, até então Ilha de Vera Cruz, ficaram chocados com a forma que os indígenas viviam. Acostumados com o conservadorismo e uma cultura regida pela Igreja, ver centenas de pessoas nuas andando livremente era algo fora do comum

A observação dos colonizadores em relação às indígenas fica evidente em um trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha "(...) tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela. (...)”. Algo semelhante era notado nas mulheres negras, "as curvas" e "o gingado" eram desejados pelos homens com objetivo de satisfação - muitas vezes essa aproximação tinha como alvo apenas o sexo.

No início, quando os portugueses ainda não haviam se instalado totalmente no Brasil, era comum que eles se relacionassem com as nativas e as escravas. Em Histórias e Conversas de Mulher, a historiadora Mary Del Priore conta que a falta de europeias em terras brasileiras proporcionou esse tipo de relacionamento que, muitas vezes, não era consensual, e favoreceu o processo de miscigenação e os concubinatos - o envolvimento não eventual entre o homem e a mulher, impedidos de casar.

Com a chegada da família imperial e a consolidação dos colonizadores, os casamentos entre as classes altas eram selados. As moças das elites e da nova burguesia brasileira que se formavam tinham que seguir um modelo de mulher ideal da Igreja. "Bela, recatada e do lar", a esposa era responsável pela felicidade e formação da família.

Bela recatada e do lar charge de 1879 retrata o que seria a verdadeira mulher imagem O Dia

Charge publicada em 1879 mostra o que era “uma mulher de verdade”. Foto: O Diabo a Quatro/Arquivo Nacional.

Esse comportamento se estendeu durante a colonização, na Proclamação da Independência e da República. A religião era a grande responsável por controlar os relacionamentos. A virgindade era santa e mesmo depois de casadas, as relações sexuais deveriam ser feitas moderadamente, de preferência realizadas com o objetivo de reprodução. Havia uma preocupação com a honra. Sair de casa? Só para as missas. Visitas? Deveriam ser recebidas pela mãe ou por outra integrante da família que fosse casada.

Era exigido que a mulher fosse fiel o tempo todo. Adultério era um absurdo, assim como o divórcio. Por outro lado, os homens não tinham as mesmas responsabilidades. Eram responsáveis por sustentar a família e, enquanto as esposas tinham que jurar fidelidade, os parceiros muitas vezes buscavam sexo do lado de fora de casa. E foi assim que 

o tratamento de indígenas e escravas ficou ainda mais abusivo, já que eram vistas apenas como objetos sexuais.

“Fazia-se amor com a esposa quando se queria descendência; o resto do tempo era com ‘a outra’. A fidelidade conjugal era sempre tarefa feminina; a falta de infidelidade masculina, vista como um mal inevitável que se havia de suportar. É sobre a honra e a fidelidade da esposa que repousava a perenidade do casal. Ela era a responsável pela felicidade dos cônjuges.” 

História e Conversas de Mulher - Mary Del Priore

Os esposos podiam trair, as esposas não. Caso suspeitasse que a parceira estivesse em um caso extraconjugal, até um homicídio era aceitável. Cavalheiro diz que, nos primeiros anos do século XX, a medicina tentava interferir fortemente nas relações de crime passional, quando foi estabelecido uma natureza biológica do que é ser homem e o que é ser mulher. Dentro dessa lógica, era esperado que os homens traíssem as esposas, enquanto para as mulheres era justamente o oposto.

Em situações de denúncias sobre assédio e estupro, elas deveriam apresentar provas de que eram pessoas decentes ou seja, o processo legal não questionava as evidências apontadas pela vítima, mas sim sobre o seu comportamento, como o que os familiares e amigos pensavam sobre a conduta dela, sua índole. Com o tempo, as mulheres manifestaram suas insatisfações e lutaram pelos seus direitos

Do Tico tico no fubá às gaiolas na ditadura  

A partir do início do século XX, o movimento feminista começou a crescer na Europa e nos Estados Unidos. Tardiamente, as ideias foram chegando ao Brasil. Em 1932, as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto. Mesmo em um ambiente extremamente conservador, elas passaram a ocupar espaços na política.

Os anos de 1930 foram marcados pela chamada Era Vargas. De acordo com Cavalheiro, foi nesse período que surgiu a ideia de “brasilidade”. Getúlio queria promover esses ideais dentro e fora do Brasil. A imagem de um povo pacífico, hospitaleiro, feliz, miscigenado e sem preconceitos foi muito vendida para o exterior.

A historiadora explica o processo de construção de identidade brasileira por Getúlio Vargas.
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O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) foi criado em 1939 para realizar essas ações. A fundação do órgão coincide com o surgimento de uma figura muito conhecida: Carmen Miranda. A “pequena notável” começou a fazer sucesso no rádio e, posteriormente, no cinema. Sua popularidade a aproximou de Vargas e, assim, ela se tornou uma das principais formas de promoção do Brasil internacionalmente.

Nos anos seguintes, o Brasil teve uma série de presidentes até chegar em 1964. Foi então que começou um regime militar que duraria 20 anos. A política de promover a cultura brasileira para o exterior foi reforçada com a criação da EMBRATUR, a Empresa Brasileira de Turismo. O Brasil continuou sendo vendido como um lugar alegre, sem desigualdades, o país do Carnaval e das praias. Nos materiais veiculados, era habitual ver mulheres de biquíni.

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Propaganda de 1980 elaborada pela Empresa Brasileira de Turismo, com o propósito de convidar turistas para visitar o país. Foto: EMBRATUR. 

Enquanto os militares promoviam para os estrangeiros a ideia de um Brasil livre e descontraído, dentro do país a situação era outra. Qualquer produção que violasse a moralidade defendida pela ditadura seria censurada, o que incluía novelas, músicas, filmes, peças teatrais ou o mínimo sinal de oposição ao governo vigente.​​

Cavalheiro explica como as repressões afetaram a história das mulheres.
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A opressão não parava por aí: os opositores eram caçados, presos e torturados. Os métodos utilizados para punição variavam de acordo com a avaliação dos "crimes" cometidos. Com os homens a violência física era constante: surras, afogamentos, choques, cárceres e prisões ilegais. Já com as mulheres os princípios tinham uma diferença: constantemente elas eram violentadas sexualmente e as torturas se concentravam nas partes íntimas e nos seios. A violência não era apenas física, mas também psicológica, já que ambos os sexos sofriam ameaças frequentes, sendo a principal delas a morte da família e de amigos. 

As mulheres assumiram um papel importante de resistência. Os anos mais rígidos de repressão coincidiram com a chegada da segunda onda do feminismo no país, marcada pelas questões de sexualidade, direitos reprodutivos e a luta pela autonomia no ambiente familiar.

Nesse período chegou ao Brasil a pílula anticoncepcional - fato que foi considerado um dos marcos da independência feminina. Cavalheiro diz que a ditadura militar ficou em um momento contraditório, já que essa prática de interromper a menstruação e evitar a gravidez era vista como algo ruim pela Igreja, ao mesmo tempo que os contraceptivos eram uma alternativa para evitar um “boom” demográfico.

Cavalheiro explica como a chegada da pílula anticoncepcional se tornou uma contradição no Brasil.
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Pare de Tomar a Pílula

A música do cantor Odair José foi um sucesso da Jovem Guarda e censurada pela ditadura. A canção causou repercussão na época, já que havia um debate sobre o uso do anticoncepcional. Confira um trecho da letra e clique para ouvir a prévia da música:

Você diz que me adora / Que tudo nessa vida sou eu
Então eu quero ver você / Esperando um filho meu
Então eu quero ver você/ Esperando um filho meu

Pare de tomar a pílula / Pare de tomar a pílula
Pare de tomar a pílula / Porque ela não deixa o nosso filho nascer

Reage mulher, bota um cropped!

Com a redemocratização e o avanço das tecnologias a questão da sexualidade feminina começou a ser vista com menos preconceito e mais discutida socialmente, mesmo que ainda cercada por vários tabus. A liberdade para falar do assunto também mostrou as consequências da privação de educação sexual e que muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre o próprio corpo e o sexo.

Após a revogação tardia de várias leis que colocavam a mulher como inferior (principalmente no casamento), outras que buscavam mais igualdade começaram a ser aprovadas. Passe o mouse nas imagens abaixo para ampliar o conteúdo:

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A Lei nº 6.515/1977, promulgada em 26 de dezembro de 1977, tornou o divórcio uma opção legal no Brasil.

Foto: Agência Senado/Agência Brasil.

Lei do Divórcio

1977

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A Lei nº 11.340/2006 foi sancionada em 2006 para combater a violência contra a mulher e ganhou o nome de Maria da Penha em alusão à farmacêutica que lutou por quase 20 anos para que seu marido fosse preso após tentar matá-la por duas vezes.

Foto: Revista Trip/Arquivo Pessoal

Lei Maria da Penha

2006

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Em 2015, a Constituição Federal reconhece a partir da Lei nº 13.104 o feminicídio como um crime de homicídio.

Foto: Agência Senado/ Agência Brasil.

Lei do Feminicídio

2015

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A partir da Lei nº 13.718/2018, o assédio passa a ser considerado crime no Brasil.

 

Foto: Agência Senado/ Agência Brasil.

Lei de Importunação Sexual

2018

Com a implementação das novas leis, a figura feminina passou a ter mais voz na sociedade e ainda que tenha conquistado esse espaço através de luta e persistência, não são todas as esferas sociais que aceitam as reivindicações das mulheres, independentemente do campo que estejam presentes.

Isso porque a história deixou algumas inseguranças na mente das mulheres. No campo da sexualidade, por exemplo, a maioria delas não se sente à vontade para conversar com seus parceiros e parceiras. Na ginecologia, a atmosfera é semelhante, pois até então elas não tinham segurança e confiança para falar de sexo e quando finalmente encontram esses profissionais, nem sempre expressam suas incertezas.

Paralelamente, a internet propiciou um aumento no número de conteúdos sobre saúde íntima. Hoje uma boa parte desses produtores é feminina e acumula milhares de seguidores nas redes sociais, além de estimular o público a falar sobre sexo mais naturalmente.

Dados da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme) apontam que, em 2020, houve um salto de 12% no consumo de produtos eróticos. Hoje há também a presença das sextechs, empresas que buscam proporcionar o bem-estar sexual e entre as maiores do ramo estão aquelas criadas e dirigidas por mulheres. 

O processo de mudança, da naturalização e do diálogo sobre o sexo e o prazer feminino está se transformando. Não é uma evolução que ocorre do dia para noite; ela caminha gradualmente. Dentro de casa, o sexo ainda não é uma conversa recorrente. Segundo a ginecologista e sexóloga Nathalie Raibolt, para que isso seja natural é necessário que as mulheres tenham acesso à informação de qualidade. A sexualidade não deve ser um assunto proibido. Desenvolver a educação é uma forma de lidar com todos os aspectos que envolvem esse processo de uma maneira mais tranquila e informar que não há nada de errado em conversar sobre sexo.

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Ágata Novaes

Reportagem, revisão e edição dos materiais multimídia.

Júlia Victória

Reportagem, revisão e edição dos materiais multimídia.

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Trabalho de Conclusão de Curso da graduação de Jornalismo | Universidade Anhembi Morumbi | 2022

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